A negociação de Cid para vender relógio por quase R$ 300 mil

 

A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar as negociações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de Jair Bolsonaro (PL), para vender um relógio da marca Rolex, recebido em viagem oficial da Presidência. As tratativas, reveladas em troca de e-mails obtida pela CPI dos Atos Golpistas, tiveram início em 6 de junho de 2022. Na ocasião, Cid disse que pretendia receber cerca de US$ 60 mil (mais de R$ 291 mil) na venda.

Na mesma data, segundo membros do colegiado disseram ao blog da Camila Bomfim no g11, documentos apontam que houve a liberação de um relógio Rolex do acervo privado do então presidente Bolsonaro. Em 11 de novembro de 2019, um Rolex havia sido protocolado no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do gabinete da Presidência da República como “acervo privado”.

O modelo do relógio Rolex negociado por Mauro Cid em junho de 2022 — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

De acordo com apuração da TV Globo e da GloboNews, a negociação de Cid será apurada pela PF em um desdobramento do inquérito que investiga o recebimento de joias por uma comitiva do governo na Arábia Saudita. As mensagens obtidas pela CPI não esclarecem com quem o então ajudante de ordens de Bolsonaro negociava a compra do relógio.

Segundo relatório, à época, Cid se correspondia com Maria Farani, que assessorava o gabinete adjunto de Informações do gabinete pessoal do ex-presidente. Maria foi desligada da Presidência da República em janeiro de 2023.

Em um dos e-mails enviado por ela, a mensagem diz, em inglês (tradução feita pelo g1): “Olá Mauro, obrigada pelo interesse em vender o seu Rolex. Tentei falar com você por telefone mas não consegui. Pode por favor me falar se você tem o certificado de garantia original do relógio?”

Na sequência, ela questiona quanto Cid “espera receber por essa peça” e afirma que o mercado de venda de relógios da marca “está em baixa”. “Quanto você espera receber por essa peça? O mercado para Rolex usados está em baixa, especialmente para relógios cravejados de platina e diamante (já que o valor é tão alto). Só queria me certificar de que estamos na mesma linha antes de fazermos muita pesquisa. Espero ouvir notícias suas”, escreveu.

Sem indicar a data e autor, o conteúdo de um e-mail obtido pela CPI mostra uma resposta de Cid à Maria Farani, na qual o auxiliar de Bolsonaro afirma que o acessório foi um “presente recebido em viagem oficial de negócios”.

A CPI dos Atos Golpistas também aprovou as quebras de sigilo bancário e telefônico de Cid e do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Os dois são suspeitos de envolvimento no ataque à Sede dos Três Poderes, ocorrido em 8 de janeiro deste ano.

Cid já foi convocado e compareceu à CPI, mas ficou em silêncio. Torres prestará depoimento ao colegiado na próxima semana.


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