"Tsunami" de produtos chineses ameaça indústria brasileira após sobretaxa dos EUA
Com EUA fechando portas, China pode redirecionar exportações para o Brasil, pressionando setores como têxtil e plásticos; entidades cobram defesa comercial.
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Ricardo de Moura Pereira
4/10/20252 min read


Medo é que excedentes direcionados aos EUA sejam desviados para outros países, incluindo o Brasil, pressionando setores locais
São Paulo, 10 de abril de 2025 – A recente decisão dos Estados Unidos de aumentar as tarifas de importação sobre uma série de produtos chineses está gerando alerta na indústria brasileira. Com a medida, que visa proteger o mercado americano, analistas preveem que a China poderá redirecionar parte de sua produção excedente para outros mercados, incluindo o Brasil, ameaçando setores já fragilizados pela concorrência internacional.
O Cenário Internacional
Na última semana, o governo norte-americano anunciou sobretaxas de até 25% em itens como eletrônicos, aço, alumínio e produtos químicos vindos da China – uma retaliação a políticas comerciais consideradas desleais. A medida deve reduzir drasticamente as exportações chinesas para os EUA, um de seus principais destinos.
Especialistas alertam que, com isso, a China buscará alternativas para escoar sua produção, aumentando as exportações para mercados emergentes, como América Latina, África e Sudeste Asiático. O Brasil, que já enfrenta um fluxo crescente de importações chinesas em setores como têxtil, plásticos e manufaturados, é um alvo em potencial.
Preocupação no Brasil
Representantes da indústria brasileira temem que a possível "avalanche" de produtos chineses a preços reduzidos desestabilize setores locais. "Se os EUA fecham suas portas, a China vai buscar outros compradores, e o Brasil, com uma economia menos protegida, pode ser inundado", afirma Ricardo Lima, economista da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) mostram que as importações de tecidos e confecções chinesas já subiram 40% no último ano, pressionando fabricantes nacionais. "Sem medidas de defesa comercial, vamos ver mais fechamento de empregos e fábricas", alerta o presidente da entidade, Marcos Silva.
Possíveis Respostas
O governo brasileiro monitora a situação, mas enfrenta um dilema: aumentar barreiras comerciais pode gerar retaliações da China, maior parceiro comercial do Brasil. Enquanto isso, entidades empresariais pressionam por ações antidumping e reforço na fiscalização de práticas desleais.
"Precisamos de políticas que protejam a indústria nacional sem romper relações comerciais estratégicas", diz Lima. Para ele, o momento exige diálogo com Pequim e investimentos em competitividade.
Enquanto isso, a indústria se prepara para um possível tsunami de importações – e torce para que a tempestade não chegue com força total.
Por: João Silva
Publicado em: 10/04/2025