"Tarifaço de Trump entra em vigor: impactos e polêmicas das tarifas recíprocas"

"Medida amplia tensões comerciais globais; especialistas debatem benefícios para indústria local versus riscos de inflação e retaliações"

TRUMPPOLÍTICAIMPACTO ECONÔMICORETALIAÇÕES COMERCIAISECONOMIA DOS ESTADOS UNIDOS

Ricardo de Moura Pereira

4/5/20254 min read

As tarifas recíprocas implementadas pelo presidente Donald Trump contra diversos parceiros comerciais dos Estados Unidos começaram a valer neste sábado (5). A medida inclui alíquotas de 10% sobre todas as importações provenientes do Brasil.

O "tarifaço" americano atinge mais de 180 países e regiões ao redor do mundo, com diferentes percentuais: União Europeia (20%), China (34%), Coreia do Sul (25%) e Japão (24%).

A estratégia de Trump visa incentivar a indústria americana através do aumento da produção e do consumo de produtos nacionais. A expectativa do governo é que, ao priorizar itens fabricados nos EUA, o país consiga gerar mais empregos e fortalecer sua economia, embora diversos analistas prevejam resultados opostos.

O presidente norte-americano também utiliza estas tarifas como instrumento de negociação para avançar interesses específicos dos EUA, como aumentar a segurança nas fronteiras. No início de seu mandato, Trump chegou a anunciar taxas contra México e Canadá (posteriormente suspensas) como forma de pressionar estes países a combaterem o tráfico de fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais potente que a heroína.

A imposição destas tarifas cumpre as promessas de campanha de Trump de taxar parceiros comerciais, especialmente aqueles com os quais os EUA mantêm déficit na balança comercial – casos do México, Canadá e China. Com essas medidas, o presidente espera reverter este quadro deficitário.

Outro possível efeito do "tarifaço" pode ser o aumento da arrecadação com impostos de importação. Contudo, o resultado final dependerá de diversos fatores, como as reações dos outros países afetados, o volume de importações nos EUA e o comportamento geral do comércio internacional.

Especialistas alertam que a aplicação dessas tarifas tem potencial inflacionário, uma vez que os custos mais altos de importação devem encarecer a produção das empresas americanas. Como consequência, produtos e serviços tendem a ficar mais caros para o consumidor final, pressionando o índice de preços no país.

Críticos Alertam Sobre os Riscos das Novas Tarifas de Trump para a Economia Global

Em meio à implementação do novo pacote de tarifas do presidente Donald Trump, que entrou em vigor neste sábado (5), economistas e líderes internacionais têm levantado sérias preocupações sobre o impacto destas medidas tanto para a economia americana quanto para o comércio global. O "tarifaço", que afeta mais de 180 países, incluindo uma alíquota de 10% sobre todas as importações brasileiras, tem gerado uma onda de críticas por parte de especialistas.

Inflação: Um Fardo para os Consumidores Americanos

Um dos principais argumentos contra as tarifas é o provável aumento da inflação nos Estados Unidos. "Quando você taxa importações, o custo é repassado diretamente ao consumidor final", explica Maria Santos, economista da Universidade de Princeton. "Produtos do dia a dia, desde eletrônicos até alimentos, tendem a ficar mais caros para as famílias americanas."

Estudos recentes estimam que o aumento de preços pode representar um custo adicional anual de centenas de dólares para uma família média americana, justamente em um momento em que muitos ainda enfrentam dificuldades financeiras.

Retaliações Comerciais e Efeito Dominó

Outro ponto crítico levantado por especialistas é o risco de retaliações. "Historicamente, guerras comerciais não produzem vencedores", afirma Carlos Medeiros, professor de Relações Internacionais da USP. "Já estamos vendo sinais de que a União Europeia, China e outros parceiros importantes estão preparando suas próprias medidas retaliatórias."

Este efeito dominó poderia resultar em um ciclo de taxações mútuas que prejudicaria o comércio global e potencialmente levaria a uma desaceleração econômica mundial, afetando inclusive setores de exportação americanos que dependem de mercados externos.

Impacto nas Cadeias de Suprimentos

As cadeias globais de suprimentos, já fragilizadas por crises recentes, enfrentam novos desafios com as tarifas. "Empresas americanas dependem de componentes importados para sua produção", observa Jonathan Klein, analista da consultoria Global Trade Monitor. "Com o aumento dos custos desses insumos, muitas podem enfrentar dificuldades para manter sua competitividade."

Setores como o automotivo, tecnologia e manufatura, que operam com margens apertadas e dependem de peças internacionais, provavelmente serão os mais afetados.

Questionamentos Sobre a Eficácia

Críticos também questionam se as tarifas realmente alcançarão seu objetivo declarado de fortalecer a indústria americana. "A história econômica mostra que o protecionismo raramente revitaliza indústrias no longo prazo", argumenta Peter Zhang, economista-chefe do Instituto de Comércio Internacional. "Em vez de forçar uma reindustrialização, as tarifas podem mascarar problemas estruturais de competitividade que precisam ser enfrentados com políticas mais abrangentes."

Consequências Diplomáticas

Para além das questões econômicas, há preocupações sobre o impacto diplomático dessas medidas. "As tarifas estão deteriorando relações com aliados tradicionais dos EUA", alerta Rebecca Thompson, ex-diplomata americana. "Usar o comércio como ferramenta de pressão pode funcionar no curto prazo, mas tende a enfraquecer alianças estratégicas importantes para os interesses americanos."

À medida que as novas tarifas entram em vigor, governos, empresas e consumidores em todo o mundo aguardam para ver como os mercados reagirão e quais serão os verdadeiros impactos dessas medidas controversas na economia global. Enquanto isso, o Brasil e outras nações afetadas já começam a calcular as perdas potenciais e a considerar possíveis respostas a este novo cenário comercial.

Fonte da matéria G1