Ovos e Coelhos na Páscoa: Conheça a Origem dos Símbolos Mais Tradicionais da Data
Descubra como esses elementos, que remontam a tradições antigas, se tornaram ícones da celebração cristã e do renascimento
PÁSCOAOVO DE PÁSCOASEMANA SANTA
Ricardo de Moura Pereira
4/16/20253 min read


A associação entre ovos, coelhos e a Páscoa cristã é uma mistura de tradições antigas e simbologia religiosa — e há várias versões para explicar essa conexão. Enquanto a data celebra a ressurreição de Jesus Cristo, os elementos que a acompanham têm raízes em histórias curiosas e rituais pagãos.
A Lenda do Coelho Testemunha
Uma das narrativas mais difundidas conta que Maria Madalena, ao visitar o túmulo de Jesus antes do amanhecer, teria encontrado a sepultura entreaberta e um coelho preso no local. Segundo essa tradição, o animal teria sido o primeiro a presenciar a ressurreição, ganhando a missão de espalhar a notícia — e, por isso, tornou-se o mensageiro que entrega ovos às crianças no domingo de Páscoa.
O Ovo Como Símbolo de Vida
Já o ovo carrega um significado ainda mais antigo: representa fertilidade, renovação e o ciclo da vida. Civilizações como a romana e a persa já viam nele uma representação do Universo — alguns até acreditavam que o mundo havia surgido dentro de uma casca. Na Idade Média, cristãos adotaram o costume de presentear ovos decorados, que mais tarde evoluíram para os tradicionais ovos de chocolate.
Uma Fusão de Culturas
Embora a Páscoa seja centralmente uma festividade cristã, seus símbolos mostram como rituais pagãos e lendas populares foram incorporados ao longo dos séculos. Seja pela figura do coelho — associado à fertilidade — ou pelo ovo, que remete ao renascimento, esses elementos reforçam o tema de renovação que marca a data.
Hoje, enquanto famílias celebram com chocolates e brincadeiras, a tradição segue viva, unindo história, fé e um toque de fantasia.
A Origem Pagã dos Ovos de Páscoa: Uma Tradição Milenar
Muito antes do surgimento do cristianismo, povos antigos já celebravam a chegada da primavera no hemisfério norte - marcada pelo equinócio de 21 de março - com a troca de ovos como símbolo de renovação. "Esta era uma tradição pagã que comemorava o fim do rigoroso inverno", explica o monsenhor André Sampaio Oliveira, especialista em Direito Canônico.
Com o estabelecimento da Páscoa cristã, a Igreja soube incorporar sabiamente esses ritos ancestrais à nova fé. "O costume primaveril foi assimilado pela Semana Santa, e os cristãos passaram a interpretar o ovo como uma poderosa representação da ressurreição de Cristo", completa o religioso.
Essa fusão cultural transformou um antigo ritual pagão em um dos símbolos mais queridos da Páscoa moderna, demonstrando como a fé cristã soube ressignificar tradições pré-existentes, dando-lhes novo significado espiritual. O ovo, que outrora marcava o renascimento da natureza, tornou-se emblemático do renascimento divino na tradição cristã.
A Evolução dos Ovos de Páscoa: De Obras de Arte a Chocolate
A tradição de presentear ovos na Páscoa ganhou novos contornos ao longo dos séculos. Na Idade Média, ovos de galinha eram pintados à mão e transformados em verdadeiras obras de arte. "Na Alemanha, enfeitam árvores como enfeites natalinos; na Rússia, são colocados em túmulos como homenagem; e na Itália, decoram mesas de ceia", explica Evaristo Eduardo de Miranda, autor do Guia de Curiosidades Católicas.
Mas foram os czares russos que levaram esse costume ao extremo. Entre 1885 e 1916, o joalheiro Peter Carl Fabergé criou 50 ovos luxuosos para a família imperial. Um deles, presente de Alexandre III à imperatriz Marie Feodorovna, continha um relógio cravejado de diamantes e safiras – avaliado em US$ 20 milhões em 2014.
A Revolução do Chocolate
No século 18, os franceses tiveram uma ideia genial: esvaziar ovos e recheá-los com chocolate. Já no século 19, surgiram os primeiros ovos totalmente feitos de chocolate, recheados com bombons. A novidade agradou até quem não associa o símbolo à religião, como brinca o rabino Michel Schlesinger: "Crianças judias adoram ovos de Páscoa e não os recusariam por nada!"
Mas e o Coelho?
Se coelhos não botam ovos, por que viraram símbolo da Páscoa? A resposta está na fertilidade – desde o Egito Antigo, o animal era associado à reprodução, gerando até 10 filhotes por ninhada. Com o tempo, também passou a representar renascimento, por ser um dos primeiros a sair da toca após o inverno.
No Brasil, a tradição chegou com imigrantes alemães nos anos 1910, que escondiam ovos pintados para as crianças encontrarem. Mas, como explica Jefferson Ramalho, historiador da Unicamp, "não há uma única origem para esses símbolos – o importante é entender os significados que carregam".
O Verdadeiro Símbolo da Páscoa?
Para a Igreja Católica, o principal símbolo pascal é o círio, uma vela branca que representa a luz de Cristo ressuscitado. "A Páscoa transforma a escuridão da Sexta-Feira Santa em alegria", afirma o teólogo Isidoro Mazzarolo. Assim, os ovos e coelhos que encantam crianças hoje são fruto de uma rica mistura de história, cultura e fé – uma tradição que continua a se reinventar, mantendo viva a magia da Páscoa.