Moraes à revista New Yorker
Título da reportagem no site diz: O juiz brasileiro que enfrenta a extrema-direita digital
ALEXANDRE DE MORAESSTFJUSTIÇA
Ricardo de Moura Pereira
4/8/20253 min read


Um magistrado influente - porém "testado os limites de sua autoridade" - em uma ofensiva contra a extrema direita digital global. Assim, a revista americana The New Yorker, uma das mais prestigiadas do mundo, apresenta o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em um perfil divulgado na segunda-feira (07/04).
Em um extenso artigo escrito pelo prestigiado jornalista Jon Lee Anderson, Moraes é descrito como "um jurista combativo", "comumente referido como o segundo homem mais poderoso do Brasil" e engaja-se numa disputa sobre quem detém o poder para moldar a atual conjuntura política.
Alexandre de Moraes e seus aliados estavam de um lado. De um lado, uma rede global de líderes da direita, que incluem o ex-presidente Bolsonaro, o bilionário Elon Musk e, cada vez mais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conforme o texto de Anderson. Ele é o autor do livro Che Guevara: uma biografia, sobre um dos líderes da Revolução Cubana, além de diversos perfis de líderes políticos, como o do chileno Augusto Pinochet ou do venezuelano Hugo Chávez.
Após fornecer suas explicações sobre o enfrentamento digital, que envolveu o bloqueio de redes sociais como Telegram, X e, mais recentemente, Rumble, Moraes fez piadas sobre a possibilidade de enfrentar pressões do governo dos Estados Unidos.
"Se eles enviarem um porta-aviões, então vamos observar." "Caso o porta-aviões não alcance o Lago Paranoá, isso não terá impacto na decisão no Brasil", conclui o ministro, aludindo ao lago de Brasília que pode ser observado do seu gabinete no STF.
Moraes é o centro de disputas nos Estados Unidos promovidas pela companhia de mídia do presidente americano, a Trump Media, e pelo Rumble (uma plataforma online de compartilhamento de vídeos). As empresas alegam que o juiz violou a primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos, que assegura a liberdade de expressão, ao ordenar a eliminação de contas de influenciadores conservadores.
Conforme ressaltado pela New Yorker, os "esforços de Alexandre de Moraes para combater o extremismo" derivam da percepção do ministro de que as redes sociais representam atualmente "o maior poder de todos" e que têm sido utilizadas "para influenciar eleições". Durante a Primavera Árabe, a direita radical compreendeu que as redes sociais tinham a capacidade de mobilizar indivíduos sem a necessidade de intermediários.
Se Goebbels [o ministro da propaganda nazista] ainda estivesse entre nós e possuísse acesso ao X (antigo Twitter), estaríamos sentenciados. "Os nazistas teriam dominado o mundo", afirmou Moraes, retratado como um indivíduo não tão alto para ganhar o apelido de Xandão, porém "visivelmente em forma", em meio a uma rotina de exercícios físicos, levantamento de pesos e aulas de Muay Thai, uma arte marcial de origem tailandesa.
O perfil será publicado impresso na edição de segunda-feira (14/04) da revista, com o nome "Homens Corajosos".
Em uma das conversas concedidas a Anderson desde o final do ano passado, Moraes argumenta que o Brasil atua atualmente como um laboratório para iniciativas que visam exercer influência política através da web. O repórter esclarece que os brasileiros são extremamente engajados na internet e, diferentemente de outros países, as eleições são organizadas pelo Poder Judiciário.
"A extrema direita busca o poder, não declarando que é contrária à democracia, pois isso não atrairia apoio popular, mas declarando que as instituições democráticas são manipuladas", afirmou Moraes. Trata-se de um populismo extremamente organizado e extremamente inteligente. Lamentavelmente, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, ainda não aprendemos a reagir.
O ministro prossegue com suas críticas à extrema direita, afirmando que o coletivo liderado por Bolsonaro "manipulou eficazmente" o termo "liberdade", levando as pessoas a crer que são os genuínos defensores da democracia. "É um feito notável de lavagem cerebral", afirmou. O perfil de Moraes também apresenta pronunciamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acerca da disputa política no universo digital.
Bolsonaro foi vetado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de concorrer a eleições até 2030, devido a abuso de autoridade e uso impróprio dos meios de comunicação, relacionado a um encontro organizado com diplomatas estrangeiros para propagar informações falsas sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Fonte - BBC News