Luís Carlos Prestes: O Cavaleiro da Esperança que Desafiou Ditaduras e Moldou a Esquerda Brasileira
Da Coluna Prestes ao exílio na URSS, a vida do líder comunista foi marcada por revoluções, prisões e um legado que ainda divide opiniões
Ricardo de Moura Pereira
3/26/20252 min read


Se o século 20 brasileiro teve um nome que personificou lutas revolucionárias, perseguições políticas e debates ideológicos acalorados, esse nome foi Luís Carlos Prestes. Militar, guerrilheiro, exilado e símbolo do comunismo no Brasil, sua trajetória mistura heroísmo romântico, contradições e um impacto duradouro na história do país.
Neste especial, revisitamos a vida do homem que:
✔️ Liderou a maior marcha guerrilheira do mundo (a Coluna Prestes);
✔️ Foi preso pela ditadura Vargas após articular a Intentona Comunista;
✔️ Viveu anos na União Soviética e se tornou aliado de Stálin;
✔️ Teve sua vida pessoal marcada pela trágica morte da companheira, Olga Benario, no Holocausto.
A Jornada do "Cavaleiro da Esperança"
1. O Tenente Revolucionário e a Coluna Prestes (1920s)
Nascido em 1898 no Rio de Janeiro, Prestes era um brilhante oficial do Exército que, insatisfeito com a República Velha, organizou um levante tenentista. Entre 1925 e 1927, liderou a Coluna Prestes – um grupo de 1.500 homens que percorreu 25 mil km pelo interior do Brasil, combatendo o governo e evitando captura. O feito rendeu-lhe o apelido de "Cavaleiro da Esperança".
2. Exílio, Comunismo e a Intentona (1930s)
Na década de 1930, Prestes se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, sob influência da URSS, planejou a Intentona Comunista (1935) – uma rebelião armada contra Vargas. O movimento fracassou, e ele foi preso por 9 anos, enquanto sua esposa, Olga Benario (judia e comunista), era deportada para a Alemanha nazista, onde morreu em um campo de concentração.
3. Entre Moscou e o Brasil (1945–1990)
Anistiado em 1945, elegeu-se senador, mas teve o mandato cassado em 1948. Passou anos no exílio na URSS, retornando apenas nos anos 1980, já distante do poder do PCB. Morreu em 1990, pouco após a queda do Muro de Berlim, em um Brasil que já não via no comunismo a mesma força de antes.
Legado e Controvérsias
Herói ou Ditador? Para alguns, Prestes foi um idealista; para outros, um stalinista que apoiou regimes autoritários.
Influência na Esquerda: Sua vida inspirou gerações, de Dilma Rousseff (ex-guerrilheira) a movimentos sociais atuais.
Memória Dividida: Enquanto escolas e ruas levam seu nome, críticos lembram seu alinhamento a Moscou mesmo após relatos de atrocidades stalinistas.
Você Sabia?
A Coluna Prestes nunca perdeu uma batalha contra as tropas oficiais, mas também não venceu a guerra.
Seu irmão, Otávio Prestes, foi um importante líder da Aeronáutica e anti-comunista.
Documentários como "Prestes – O Revolucionário" (HBO) reacendem o debate sobre seu papel histórico. "O Brasil precisa de justiça social, mas os meios para alcançá-la ainda são uma discussão aberta."
— Trecho de última entrevista de Prestes, 1989.