Inflação Global e Brasileira: Os Motivos por Trás da Resistência Pós-Pandemia
Entenda os fatores econômicos, estruturais e externos que mantêm a alta dos preços mesmo após o fim do período crítico da pandemia.
Ricardo de Moura Pereira
3/31/20252 min read


Um Novo Cenário Econômico: O Impacto da Pandemia na Inflação Global e no Brasil
Antes do surgimento da pandemia de coronavírus, a economia mundial vivia um período marcado por estabilidade nos preços, inflação controlada e taxas de juros historicamente baixas. Em algumas regiões, como parte da Europa, os juros chegaram até mesmo a ser negativos, refletindo um ambiente econômico em que o crescimento era lento, mas estável. Nos Estados Unidos e na União Europeia, a inflação anual raramente ultrapassava 2% ao longo de mais de uma década. No Brasil, antes da crise sanitária, o país também experimentava índices inflacionários próximos à meta oficial de 4,5%, com taxas de juros abaixo de 7%, após uma recuperação gradual da recessão ocorrida entre 2015 e 2016.
Entretanto, o cenário mudou drasticamente com a chegada da pandemia. Em poucas semanas, o mundo assistiu a uma desaceleração abrupta das atividades econômicas, seguida por uma queda inicial nos preços. Contudo, à medida que as economias começaram a se reabrir após os períodos de confinamento, os preços dispararam em praticamente todas as regiões do globo. A inflação, que parecia estar sob controle, ganhou força tanto em países emergentes quanto nas economias desenvolvidas.
No caso brasileiro, a inflação saltou de 4,19% em janeiro de 2020 para 12,13% em abril de 2022. Nos Estados Unidos, o índice subiu de 2,5% no início de 2020 para 9,1% em junho de 2022, atingindo o nível mais alto desde 1980, quando o mundo enfrentava crises relacionadas ao preço do petróleo. Esse aumento generalizado dos preços levou as autoridades monetárias a adotarem medidas para conter o avanço inflacionário, elevando significativamente as taxas de juros.
Os juros básicos são ferramentas essenciais utilizadas pelos bancos centrais para combater a inflação. Ao elevar os custos de financiamento, os governos buscam reduzir o consumo e investimentos, o que ajuda a frear a alta dos preços. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa de juros passou de 0,25% em 2020 para 5,5% em 2023. Já no Brasil, a alta foi ainda mais acentuada, saindo de 2% em fevereiro de 2021 para 13,75% em agosto de 2022.
Apesar desses esforços, a inflação tem se mostrado resistente em diversos países, gerando preocupações entre políticos, empresários e trabalhadores. Muitos esperam que os índices voltem aos patamares pré-pandemia, permitindo que as taxas de juros sejam reduzidas novamente. Isso seria crucial para estimular a produção, impulsionar o crescimento econômico e aliviar a pressão sobre os consumidores, que enfrentam custos crescentes em áreas como alimentação, moradia e transporte.
O desafio atual é compreender os fatores que têm mantido a inflação elevada e encontrar soluções que equilibrem a estabilidade econômica com o bem-estar da população.
Fonte - BBC News Brasil