Fuga como Legado: A Tradição de Covardia na Família Bolsonaro"
"De escândalos políticos a acusações criminais, os Bolsonaro repetem um padrão de evasão e irresponsabilidade"
Ricardo de Moura Pereira
3/28/20253 min read


Nos últimos meses, Bolsonaro tem reafirmado que não pretende abandonar o país. Em uma entrevista concedida à CNN em janeiro, afirmou que se for condenado, cumprirá a pena na prisão. Na última segunda-feira, 16, durante o evento que reuniu uma meia centena de gados pingados em Copacabana, ele reiterou que não pretende escapar. Dois dias mais tarde, em uma entrevista a um panfleto bolsonarista, ele reiterou a declaração mesmo sem ser questionado.
Na semana passada, seu filho Eduardo Bolsonaro, parlamentar do PL de São Paulo e deputado federal, abandonou o país sob a alegação de estar sendo perseguido pela "ditadura" estabelecida no Brasil. Embora não tenha sido acusado ou denunciado pela Procuradoria-Geral da República na investigação sobre o golpe liderado por seu pai, o Zero Três deixou o cargo de deputado no Brasil para viver o delírio do exílio nos Estados Unidos.
O ex-presidente incentivou a evasão do filhote, considerando-a um "ato de patriotismo". Ademais, repetiu novamente aquela que talvez seja a frase mais tola de sua extensa coleção de frases tolas: "a liberdade é mais relevante que a própria existência". É claro que Bolsonaro está preparando o cenário narrativo para um abandono do país. A constante negação do ex-presidente de que irá fugir, mesmo sem ser questionado, é extremamente reveladora. Freud esclarece.
Bolsonaro já tentou fugir duas vezes. No final de 2022, antes de concluir seu mandato, o presidente em exercício partiu para os Estados Unidos. Conforme a apuração da Polícia Federal, PF, ele evadiu-se para evitar uma eventual detenção e aguardar o resultado do 8 de Janeiro. Os estudiosos indicam que a estratégia de fuga incluía a "elaboração de uma narrativa de perseguição" contra Bolsonaro. Segundo a polícia, as denominadas "milícias digitais" propagaram mensagens para justificar a fuga, retratando o ex-presidente como um indivíduo perseguido. Agora, o procedimento se repete.
A segunda tentativa de fuga ocorreu em março do ano passado, logo após o passaporte ser confiscado numa ação da Polícia Federal. Bolsonaro passou duas noites escondido na embaixada da Hungria para escapar de uma eventual detenção preventiva. Tudo foi realizado secretamente e só se tornou público mais tarde, graças a uma matéria do New York Times. Bolsonaro ficou inacessível à justiça brasileira por dois dias. Se fosse decretada a sua prisão, a polícia não teria permissão para entrar na embaixada para prendê-lo.
Embora ele tente negar, a próxima evasão é apenas uma questão de tempo. Não se espera que Bolsonaro compareça perante os tribunais e argumente pela sua absolvição com dignidade. A família Bolsonaro sempre foi conhecida pela sua covardia. Estamos nos referindo a indivíduos que desvalorizam a democracia e exaltam a tortura praticada nos porões da ditadura. É o ápice da covardia.
O propósito da fuga de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos é evidente: expor o sistema judicial brasileiro ao mundo, conspirar contra o governo Lula e tentar influenciar de alguma forma a investigação sobre a tentativa de golpe. O parlamentar está trabalhando em conjunto com legisladores da extrema direita dos Estados Unidos para pressionar o presidente Donald Trump a aplicar sanções ao governo brasileiro e retaliar os ministros do STF, em particular Alexandre de Moraes, que está à frente do inquérito.
O Zero Três, juntamente com outros dois parlamentares pró-Trump, está coletando dados sobre os bens que os magistrados do STF detêm no exterior, com o objetivo de que o governo Trump possa puni-los de alguma forma. Em outras palavras, um deputado renunciou ao mandato e partiu para outro país para tramar contra o Estado brasileiro. Essa é a patriotada dos nossos "patriotas".
Precisamos saber o quanto Trump está pronto para gastar energia com os barnabés bolsonaristas que lambem seus calçados. Presumo que haverá, no máximo, alguma penalidade contra Alexandre de Moraes, o que será insignificante. O Brasil é uma nação autônoma e soberana. Apenas os complexos vira-latas, presos no imaginário da Guerra Fria, acreditam que Tio Sam tem o poder de tudo.
É necessário avaliar o quanto Trump está disposto a gastar energia com os bolsonaristas barnabés que lambem seus sapatos. Estou convencido de que, no máximo, haverá uma penalidade contra Alexandre de Moraes, o que será mínimo. O Brasil é um país independente e soberano. Somente os complexos vira-latas, aprisionados no imaginário da Guerra Fria, crêem que Tio Sam detém o controle absoluto de tudo.
Ele se comprometeu a conversar semanalmente com o deputado ausente, para alinhar agendas, e vai se esforçar para que o colegiado lhe conceda apoio institucional. "Por exemplo, se o Eduardo agendar um encontro com um representante americano, podemos designar uma comissão para acompanhá-lo", afirmou Barros, sem demonstrar qualquer nervosismo. Fonte ~ Intercept Brasil