"Europa em Alerta: A 'Corrida Armamentista' pela Independência dos EUA e Confronto com a Rússia"
Países europeus aceleram esforços militares em busca de autonomia e segurança geopolítica na região
Ricardo de Moura Pereira
3/11/20252 min read


A Europa se encontra imersa em uma espécie de "corrida armamentista" devido à crise na aliança militar da Otan, desencadeada pela mudança de estratégia da Casa Branca sob a liderança do presidente americano Donald Trump.
Historicamente, desde o término da Segunda Guerra Mundial, a segurança do continente europeu esteve estreitamente vinculada aos Estados Unidos, que investiram consideravelmente em suas forças armadas e em seu arsenal. Enquanto isso, os países europeus mantiveram investimentos mais modestos, confiando no apoio de seus aliados do outro lado do Atlântico.
Os números revelam essa disparidade, com os EUA arcando com 64% dos gastos da Otan, em contraste com os 36% dos demais países europeus. Diante das recentes declarações de Trump e de seu vice, J. D. Vance, instando a Europa a assumir a responsabilidade por sua própria segurança, especialmente em situações como a guerra na Ucrânia, os líderes europeus passaram a anunciar incrementos nos gastos com defesa.
A urgência da situação se acentuou após a polêmica entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, e a decisão de Washington de suspender o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia. Na última semana, os líderes europeus se reuniram para debater maneiras de fortalecer a segurança do continente diante do crescente distanciamento entre Washington e a Europa.
Durante o encontro, os líderes europeus expressaram apoio à proposta da Comissão Europeia de estabelecer um fundo de 150 bilhões de euros para empréstimos, visando que os governos do bloco — excluindo o Reino Unido — promovam o rearmamento europeu diante do conflito russo na Ucrânia.
A coesão europeia foi abalada pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que se absteve de endossar a declaração conjunta do bloco sobre a situação na Ucrânia, sendo visto como um aliado tanto de Putin quanto de Trump. A partir de hoje, representantes dos EUA e da Ucrânia devem se reunir na Arábia Saudita para discutir estratégias de resolução do conflito com a Rússia.
Nas últimas semanas, foram anunciados significativos aumentos nos gastos com defesa e rearmamento na Europa, levantando questionamentos sobre os meios de financiamento dessas iniciativas. Um dos líderes europeus que recentemente anunciou um aumento nos gastos militares foi Friedrich Merz, previsto para assumir o cargo de chanceler da Alemanha. Seu partido emergiu como vencedor nas eleições gerais realizadas no mês passado no país e está atualmente em processo de formação de uma coalizão para governar a Alemanha.
Logo após a vitória nas eleições, Merz destacou a importância de proclamar a "independência" da Europa em relação aos Estados Unidos no âmbito da defesa. Esta semana, Merz revelou um acordo político para destinar centenas de bilhões de euros adicionais em gastos para defesa e infraestrutura.
"Diante das ameaças à nossa liberdade e à paz em nosso continente, nossa abordagem em defesa agora deve ser 'o que for necessário'", afirmou Merz. Ele ressaltou a urgência dos aumentos nos gastos alemães, especialmente à luz das "recentes decisões do governo americano".
Fonte BBC NEWS Brasil