"EUA vs. China: O Fracasso da Guerra Tarifária e a Nova Batalha Tecnológica"

"Das Tarifas ao Controle de Semicondutores – O Conflito que Moldou o Futuro da Economia Global"

TRUMPPOLÍTICAGEOPOLÍTICARETALIAÇÕES COMERCIAIS

Ricardo de Moura Pereira

4/10/20254 min read

A China tem respondido firmemente às medidas protecionistas dos Estados Unidos, especialmente durante o governo Trump, quando houve um aumento significativo nas tensões comerciais entre as duas potências. A declaração de que as ações de Trump "não têm apoio e terminarão em fracasso" reflete a posição chinesa de que as tarifas unilaterais e as políticas comerciais agressivas são contraproducentes e prejudicam a economia global.

A China argumentou que tais medidas violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e defendem o multilateralismo e a cooperação econômica internacional. Além disso, Pequim adotou contramedidas, incluindo tarifas retaliatórias e a aceleração de iniciativas para reduzir a dependência de tecnologias e mercados americanos, como o impulso à autossuficiência em setores estratégicos.

Essa postura também foi parte de uma estratégia mais ampla para fortalecer alianças comerciais com outras regiões, como a União Europeia, o Sudeste Asiático e a África, diversificando suas parcerias econômicas.

A guerra tarifária iniciada pelo governo Trump contra a China (2018-2020) teve impactos profundos nas relações econômicas bilaterais e na economia global. A China, além de retaliar com tarifas sobre produtos americanos, adotou uma estratégia de longo prazo para reduzir sua vulnerabilidade às pressões dos EUA.

Aqui estão os principais desdobramentos e consequências:

1. Retaliação Chinesa e Escalada do Conflito
  • A China impôs tarifas sobre US$ 110 bilhões em importações dos EUA**,** incluindo produtos agrícolas (como soja e carne suína), automóveis e energia.

  • Setores como o agronegócio americano sofreram grandes perdas, levando o governo Trump a conceder subsídios emergenciais a fazendeiros.

2. Impacto na Economia Global
  • O FMI e o Banco Mundial alertaram que a guerra comercial reduziu o crescimento econômico mundial, criando incertezas no mercado.

  • Cadeias de suprimentos globais foram desestabilizadas, especialmente em setores como eletrônicos, semicondutores e manufatura.

3. China Acelera Autossuficiência Tecnológica
  • O conflito expôs a dependência chinesa de tecnologias americanas, como chips (semiconductor).

  • A China respondeu com:

    • Aumento massivo de investimentos em semicondutores (como o Plano "Made in China 2025").

    • Expansão de empresas como Huawei, SMIC e BYD para reduzir o domínio dos EUA.

    • Controles de exportação sobre matérias-primas críticas, como metais de terras raras.

4. Mudança nas Alianças Comerciais
  • A China intensificou acordos com outras regiões:

    • RCEP (2020) – Maior bloco comercial do mundo, incluindo ASEAN, Japão e Coreia do Sul.

    • Investimentos na Europa e África para diversificar mercados.

5. Fim da Guerra Tarifária?
  • O governo Biden manteve muitas tarifas, mas com um enfoque mais estratégico (como restrições a chips avançados).

  • A China continua afirmando que "o protecionismo dos EUA fracassará", mas também busca evitar uma ruptura total, já que o comércio bilateral ainda é vital.

A guerra tarifária não "derrotou" a China, mas acelerou sua transição para uma economia menos dependente dos EUA. Enquanto os americanos focam em desacoplamento controlado, a China responde com multilateralismo e inovação doméstica. O conflito comercial ainda não está totalmente resolvido, mas evoluiu para uma disputa tecnológica e geopolítica mais ampla.
A China declarou que adotará ações de defesa contra as novas tarifas anunciadas por Donald Trump nesta quarta-feira (9). Era de madrugada na China quando o líder elevou a aposta e elevou a taxa sobre produtos chineses para 125% — anteriormente, a taxa era de 104%.

Durante uma entrevista coletiva na madrugada desta quinta-feira (10), o porta-voz do Ministério do Comércio declarou que as dificuldades econômicas "cresceram consideravelmente" e continuou a criticar as ações tomadas.
A nação asiática reiterou que não se curvará diante das provocações de Trump. "Jamais aceitaremos qualquer tipo de pressão ou intimidação vinda dos Estados Unidos".

A adoção de ações adicionais para resistir às ações intimidatórias dos EUA não visa apenas salvaguardar nossa soberania, segurança e interesses de progresso. Também tem como objetivo salvaguardar a equidade e a justiça global, afirmou.

A China inicia a aplicação de tarifas de 84% sobre produtos importados dos Estados Unidos a partir desta quinta-feira (10). A ação, divulgada no dia anterior pelo Ministério das Finanças da China, é uma reação às taxas implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Os Estados Unidos responderam com um novo acréscimo na taxa, atingindo 125%. "Diante do desrespeito demonstrado pela China aos mercados globais, decidi elevar a tarifa aplicada pelos Estados Unidos da América à China para 125%, com efeito imediato", publicou o presidente dos Estados Unidos em sua rede social.

Este é mais um capítulo do conflito comercial entre os Estados Unidos e a China, que começou com o tarifaço de Trump. No dia 2 de abril, o presidente republicano anunciou tarifas de importação variando de 10% a 50% para 180 países ao redor do globo. Desde então, ocorreram retaliações entre os dois países, resultando em aumento de tarifas.

                                          Os Reflexos nos mercados


Mesmo com a nova investida contra os chineses, o recuo de Trump em relação ao tarifaço transformou completamente o ânimo dos mercados. Nesta quarta-feira, os principais índices norte-americanos dispararam, alcançando ganhos de até 12%. Nesta quinta-feira (10), as bolsas asiáticas também encerraram em alta.

Os resultados mostraram que o índice Nasdaq atingiu sua maior valorização diária desde 2001, enquanto o S&P 500 exibiu seu melhor desempenho desde 2008. Segundo o Dow Jones, foi o dia mais positivo desde 2020. Na semana passada, esses índices tiveram uma queda acentuada, chegando a cair até 10%. Por exemplo, um dia depois do detalhamento do tarifaço, as bolsas dos Estados Unidos sofreram as maiores perdas diárias desde 2020 - ano em que o mundo lutava contra a pandemia de Covid-19.

As bolsas asiáticas e europeias também sofreram perdas devido à guerra comercial. No Brasil, o dólar subiu nos dias recentes, tornando-se a terceira moeda que mais perdeu valor em relação ao dólar desde o início do tarifaço. Por outro lado, o Ibovespa, principal índice da bolsa, acumulou perdas.

No entanto, nos mercados brasileiros, a situação mudou após o anúncio de Trump de que irá suspender a aplicação geral de tarifas: o dólar começou a cair e terminou em baixa de 2,54%, cotado a R$ 5,84. O índice Bovespa subiu 3,12%, atingindo 127.796 pontos.