Buscas sobre por que ovo e café estão caros disparam no Brasil

Consumidores recorrem à internet para entender a alta de preços dos alimentos básicos enquanto enfrentam impacto no orçamento familiar

CAFÉOVOSCARO

Ricardo de Moura Pereira

4/7/20254 min read

Em meio à crescente preocupação dos brasileiros com o aumento do custo de vida, as buscas na internet por explicações sobre o alto preço do ovo e do café aumentaram significativamente nas últimas semanas. Produtos considerados básicos na mesa do brasileiro, ambos têm apresentado elevações de preço que chamam a atenção dos consumidores.

De acordo com dados de plataformas de busca, termos como "por que o ovo está caro" e "aumento no preço do café" registraram picos de consulta, especialmente nas regiões metropolitanas do país. O interesse crescente reflete a realidade enfrentada nos supermercados, onde os consumidores se deparam com valores bem acima da média histórica para esses itens.

No caso do ovo, especialistas apontam uma combinação de fatores que explicam a elevação dos preços. "O aumento no custo da ração para aves, composta principalmente por milho e soja, é um dos principais fatores", explica Maria Silva, economista especializada em agronegócio. Além disso, o crescimento da demanda internacional por proteína animal e problemas climáticos que afetaram a produção avícola em algumas regiões contribuíram para o cenário atual.

Já para o café, a situação é igualmente complexa. Geadas em importantes regiões produtoras no Sul e Sudeste do país comprometeram parte da safra, enquanto o aumento dos custos de insumos e logística pressiona ainda mais os preços. "Estamos vivendo um ciclo de baixa produtividade em algumas áreas tradicionais, o que naturalmente eleva os preços", afirma João Pereira, presidente da Associação dos Produtores de Café do Brasil.

O comportamento do consumidor também mudou. Segundo pesquisa recente, 72% dos entrevistados relataram ter reduzido o consumo desses itens ou buscado alternativas mais econômicas. Supermercados registram aumento na procura por substitutos mais baratos ou promoções especiais.

O Ministério da Agricultura informou que está monitorando a situação e avaliando medidas para estimular a produção e conter a alta dos preços. Enquanto isso, economistas projetam que a normalização dos valores deve ocorrer apenas no médio prazo, quando os fatores climáticos e de custo de produção se estabilizarem. Para os consumidores, resta a difícil tarefa de adaptar o orçamento doméstico a essa nova realidade de preços ou aguardar por uma possível estabilização do mercado nos próximos meses.

Brasileiros recorrem à internet para entender alta de preços dos produtos básicos da cesta alimentar

Nos últimos sete dias, as plataformas de busca registraram um aumento expressivo nas pesquisas dos brasileiros tentando entender por que determinados alimentos estão com preços tão elevados. O fenômeno reflete a crescente preocupação com o impacto da inflação alimentar no orçamento familiar.

De acordo com dados compilados das principais ferramentas de busca, as consultas com a estrutura "Por que [alimento] é caro" bateram recordes, com ovos, café, carne, azeite e arroz liderando o ranking nacional de pesquisas.

Ovos no topo das buscas

O campeão de buscas foi o ovo, produto que se tornou alternativa proteica para muitas famílias que já não conseguem arcar com os custos da carne. "O aumento no preço dos ovos está diretamente ligado à elevação dos custos de produção, especialmente ração e energia", explica Carlos Mendes, economista especializado em agronegócio.

Segundo dados do IBGE, o preço da caixa com 30 unidades subiu cerca de 22% nos últimos três meses, muito acima da inflação geral do período. A alta tem intrigado consumidores que tradicionalmente recorriam a este item como opção econômica.

Café: do campo à xícara com preços elevados

O café aparece em segundo lugar nas buscas. Produto tradicionalmente acessível e presente em praticamente todos os lares brasileiros, agora apresenta preços que surpreendem os consumidores.

"Estamos enfrentando uma combinação de fatores negativos: condições climáticas desfavoráveis nas regiões produtoras, aumento nos custos de insumos e crescente demanda internacional", afirma Juliana Rocha, analista de mercado da Associação Brasileira dos Produtores de Café.

Outros alimentos em destaque

Completando o ranking dos cinco alimentos mais pesquisados, aparecem:

  • Carne bovina: com aumentos de até 35% em alguns cortes nobres nos últimos 12 meses

  • Azeite de oliva: produto importado afetado pela valorização do dólar e problemas climáticos nos países produtores

  • Arroz: sofreu impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, principal produtor nacional

O que dizem os especialistas

Para Ricardo Almeida, professor de economia agrícola da USP, as buscas refletem o momento de incerteza econômica. "O consumidor brasileiro está mais atento e questionador. Quando percebe que um item básico está muito acima do que costumava pagar, imediatamente busca entender os motivos e possíveis alternativas", explica.

Já para a nutricionista Fernanda Castro, o fenômeno também revela uma preocupação com a segurança alimentar. "Muitas famílias estão tendo que repensar completamente sua alimentação diária. As buscas mostram pessoas tentando entender o novo cenário para adaptar seu cardápio sem perder qualidade nutricional", pondera.

Perspectivas futuras

Analistas de mercado não projetam alívio imediato nos preços desses itens. A expectativa é que alguns produtos, como o arroz, possam ter redução gradual nos próximos meses com a normalização da produção, enquanto outros, como café e azeite, devem manter preços elevados por um período mais longo.

Enquanto isso, sites de receitas também registram aumento nas buscas por "substitutos para ovo", "como economizar café" e "receitas sem carne", evidenciando a adaptação dos brasileiros a esta nova realidade de preços no setor alimentício.