Ataque Hacker Gera Tensão: Paraguai Chama Embaixador do Brasil para Explicações

Autoridades paraguaias exigem respostas sobre suposta envolvimento brasileiro em invasão cibernética

Ricardo de Moura Pereira

3/31/20253 min read

Nesta terça-feira (1o/4), o governo do Paraguai convocou o embaixador do Brasil em Assunção, José Antônio Marcondes, para fornecer explicações sobre o ataque cibernético realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra a nação.

O Paraguai igualmente interrompeu todas as discussões em andamento sobre o Anexo C do acordo da Itaipu Binacional, que é administrado pelos dois países. O ataque aconteceu de junho de 2022 a março de 2023, com o objetivo de adquirir dados confidenciais sobre as negociações de tarifa da usina hidrelétrica.

A Presidência do Paraguai convocou o embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes, para fornecer esclarecimentos pormenorizados sobre a operação de inteligência realizada pelo Brasil.
A nação também convocou o embaixador paraguaio em Brasília, Juan Angel Delgadillo, para prestar esclarecimentos. Na diplomacia, o gesto simboliza descontentamento e é utilizado quando ocorre uma crise diplomática.


Governo Lula negou envolvimento com a invasão

Ontem (31/3), o colunista Aguirre Talento, do Portal Uol, revelou o ataque cibernético contra a Abin, fundamentado em uma investigação em andamento da Polícia Federal (PF). De acordo com o relato de um funcionário da Abin, a operação de espionagem foi autorizada durante a administração de Jair Bolsonaro (PL), contudo, foi executada já no mandato do ex-presidente Lula.

No Paraguai, agentes teriam invadido os computadores do Congresso e da Presidência. Ontem, o governo do Brasil negou qualquer envolvimento no caso e afirmou que a operação foi finalizada assim que a nova gestão tomou conhecimento. O Itamaraty, em nota, atribuiu a responsabilidade pelo ataque ao governo de Jair Bolsonaro.

Inicialmente, o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Mauro Vieira, minimizou o ataque após uma conversa com o chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano. Lezcano declarou que o Paraguai não possuía provas da invasão e que os dados relativos à Itaipu estavam protegidos.

Durante uma entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez, declarou que o assunto é "delicado" e que o Brasil deve esclarecer qual foi o impacto da interferência. O chefe da equipe técnica paraguaia responsável pelas negociações com o Brasil no contexto do acordo de Itaipu, Javier Giménez García de Zúñiga, declarou que as discussões sobre o assunto estão interrompidas até que a situação seja esclarecida.

É evidente no comunicado do governo brasileiro que a Abin recebeu uma ordem para executar essas ações de inteligência. O governo paraguaio está solicitando esclarecimentos. Simultaneamente, as negociações do anexo C são suspensas de maneira indefinida, pois precisamos restaurar o que é essencial para a relação: a confiança.

Nesta segunda-feira (31) a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar um possível vazamento de informações da investigação que investiga a existência de uma Abin paralela que estaria utilizando serviços de inteligência para fins ilegais.

O empregado da Abin declarou em seu depoimento que a atual administração da agência manteve atividades de invasão cibernética a sistemas governamentais da nação vizinha, incluindo o Congresso, a Presidência da República e as autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu.
Conforme o depoimento, o propósito da ação era obter informações confidenciais sobre valores negociados no Anexo C do Tratado de Itaipu.

O funcionário afirmou que o ataque teve início no governo de Jair Bolsonaro, mas persistiu durante o mandato de Lula, com o consentimento explícito do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor interino Saulo de Cunha Moura, que assumiu a posição em março de 2023. Em um comunicado, o governo Lula afirmou que suspendeu a ação tão logo tomou conhecimento dela, em março de 2023.

 Fonte . G1correiobraziliense