Análise das Taxas de Importação Brasil x EUA: Desmistificando as Alegações de Trump
Comparando as Políticas Tarifárias: Uma Investigação Sobre as Taxas de Importação entre Brasil e EUA
Ricardo de Moura Pereira
3/10/20252 min read


O Brasil na Mira de Donald Trump: Análise das Tarifas de Importação e a Política de Reciprocidade Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, colocou o Brasil no radar como um dos países que poderiam enfrentar aumentos nas tarifas de importação. No entanto, as datas e os métodos exatos dessas mudanças ainda não estão claros, devido aos anúncios e adiamentos frequentes por parte do republicano em relação a tarifas contra diversas nações.
Para o Brasil, além dos aumentos já anunciados nas taxas sobre aço, alumínio e etanol, outras tarifas podem ser elevadas como parte da nova estratégia de "reciprocidade" proposta pelo governo americano. A justificativa de Trump reside no argumento de que o Brasil impõe tarifas excessivamente altas sobre produtos exportados pelos EUA. Segundo ele, a Casa Branca deve equiparar suas tarifas de importação ao mesmo nível dos tributos aplicados sobre seus produtos exportados.
"Outros países têm usado tarifas contra nós por décadas, e agora é a nossa vez de começar a usá-las contra esses países", declarou Trump em seu discurso ao Congresso americano em 4 de fevereiro. Ele continuou afirmando: "Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá - já ouviram falar deles? - e diversos outros países nos impõem tarifas muito mais elevadas do que aquelas que aplicamos sobre eles."
Dados de comércio exterior corroboram essa afirmação, indicando que, de fato, o Brasil impõe, em média, tarifas de importação mais elevadas sobre produtos americanos do que o inverso. Análise Comparativa das Tarifas de Importação entre Brasil e EUA. Diferentemente do que se possa supor, os produtos de maior volume de importação frequentemente possuem tarifas mais baixas, e em alguns casos, até mesmo isentos de taxação. De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, produtos como aeronaves e suas partes, petróleo bruto e gás natural dos Estados Unidos entram no país sem a incidência de impostos.
Com base em um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a tarifa média simples aplicada pelo Brasil às importações dos EUA foi de 11,3% em 2022, o dado mais recente disponível. Isso representa mais de cinco vezes a tarifa média simples cobrada pelos EUA nas importações brasileiras, que foi de 2,2%.
Ao considerar uma média ponderada pelo volume das importações, a diferença entre as taxas diminui. Isso ocorre porque, na prática, a tarifa média paga pelos exportadores é menor, especialmente para produtos com alto volume de importação, que geralmente têm tarifas mais baixas ou isentas.
Segundo a FGV Ibre, a tarifa efetiva média cobrada pelo Brasil sobre importações dos EUA em 2022 foi de 4,7%, enquanto produtos brasileiros enfrentaram uma taxação efetiva média de 1,3% ao entrarem no mercado americano.
Uma nota divulgada pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil estima que em 2024, o Brasil aplicou uma tarifa média ponderada ainda menor, de 2,7%. Essa disparidade é atribuída à presença significativa de produtos americanos com alíquota zero nas importações brasileiras, como aeronaves, suas partes, petróleo bruto e gás natural, além da utilização de regimes aduaneiros especiais que reduzem ou eliminam impostos sobre importações dos Estados Unidos.
Fonte de pesquisa. BBC News Brasil