"Ainda Estou Aqui": O Filme Brasileiro que Conquistou Hollywood

"Ainda Estou Aqui": Um Sucesso Cinematográfico Que Resgata a Memória Nacional

Ricardo de Moura Pereira

3/10/20253 min read

"Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, é um filme que mergulha nas sombras e cicatrizes do período da ditadura militar brasileira (1964-1985). Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, a obra traz à tona uma história real de desaparecimento político, focando na figura de seu próprio pai, uma das vítimas do regime autoritário.

O filme, que está em cartaz, se junta a uma lista crescente de produções brasileiras que denunciam os horrores e a letalidade da era militar, como "Que Bom Te Ver Viva", "O Pastor e o Guerrilheiro", "O Homem Cordial" e "Memória Sufocada". Segundo Paulo Parucker, historiador e membro da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da Universidade de Brasília (UnB), obras como "Ainda Estou Aqui" têm o poder de nos tirar da inércia cotidiana e nos confrontar com um passado doloroso que ainda ecoa em nossa sociedade.

O enredo de "Ainda Estou Aqui" foca em Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres na juventude e Fernanda Montenegro na velhice. Como mãe de cinco filhos, Eunice é confrontada com a tragédia do desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, papel desempenhado por Selton Mello, durante os anos de repressão militar.

Para Parucker, a memória cinematográfica desse tipo é essencial para manter viva a consciência de que o Brasil foi palco de tortura, assassinatos políticos e ocultações de cadáveres, tudo em nome de uma suposta ordem e segurança. Ele ressalta que filmes como esse são um alerta em um momento em que ressurgem discursos nostálgicos em relação aos anos sombrios da ditadura.

O historiador adverte que a defesa de regimes autoritários persiste e que é crucial permanecer vigilante contra discursos que buscam glorificar um passado marcado por violações dos direitos humanos. "Ainda Estou Aqui" não é apenas um filme, é um lembrete contundente de que a luta pela verdade e justiça é contínua e essencial para a construção de uma sociedade democrática e justa.

"Ainda Estou Aqui", após sua aclamação no Festival de Veneza, onde recebeu uma ovação de 10 minutos e conquistou o prêmio de Melhor Roteiro, continua a brilhar nos palcos nacionais. Na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme foi calorosamente recebido pelo público, levando para casa o Prêmio do Público e solidificando seu impacto emocional e artístico.

A trajetória do filme nas salas de cinema do Brasil tem sido marcada por uma crescente expectativa em relação a uma possível indicação ao Oscar, ecoando o reconhecimento que "Central do Brasil", do mesmo diretor, recebeu em 1993. A atenção e o entusiasmo em torno de "Ainda Estou Aqui" refletem não apenas a qualidade cinematográfica da obra, mas também sua importância histórica e social ao abordar um capítulo sombrio da história brasileira.

Atualmente em cartaz nos cinemas do país, o filme tem cativado o público e a crítica, despertando reflexões profundas sobre a memória coletiva e os traumas do passado. Após sua exibição nos cinemas, "Ainda Estou Aqui" também estará disponível na plataforma Globoplay, ampliando o alcance da produção e possibilitando que um número ainda maior de espectadores tenha acesso a essa narrativa poderosa e comovente.

Com sua jornada de sucesso e reconhecimento contínuo, "Ainda Estou Aqui" não apenas entretém, mas também educa, provocando diálogos importantes sobre justiça, verdade e memória. É mais do que um filme; é um lembrete vívido e urgente da necessidade de confrontar o passado para construir um futuro mais justo e compassivo.

   Fonte - Brasil de fatos